sexta-feira, 11 de setembro de 2009





De olho no vestibular da UFRGS/2010

Entre as leituras obrigatórias da UFRGS/2010, o tão "dolorido" (para os alunos) "Os Lusiadas", de Camões, foi abolido e em seu lugar entrou "O Uraguai", poema épico de Basílio da Gama, inserido na escola literária do Arcadismo brasileiro.

O Uraguai

Análise da obra

O poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas, antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores. O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.

Tema central

Pelo Tratado de Madri, celebrado entre os reis de Portugal e de Espanha, as terras ocupadas pelos jesuítas, no Uruguai, deveriam passar da Espanha para Portugal. Os portugueses ficariam com Sete Povos das Missões e os espanhóis com a colônia de Sacramento. Sete Povos das Missões era habitada por índios e dirigida por jesuítas, que organizaram a resistência à pretensão dos portugueses. O poema narra o que foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757, exaltando os feitos do General Gomes Freire de Andrade. Basílio da Gama dedica o poema ao irmão do Marquês do Pombal e combate os jesuítas abertamente.

Personagens

General Gomes Freira de Andrade (chefe das tropas portuguesas)
Catâneo (chefe das tropas esponholas)
Cacambo (chefe indígena)
Sepé (guerreiro índio)
Balda (jesuíta administrador de Sete Povos das Missões)
Caitutu (guerreiro indígena, irmão de Lindóia)
Lindóia ( esposa de Cacambo)
Tanajura (indígena feiticeira)

Resumo da narrativa

Basílio da Gama substitui o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos (versos sem rimas).

Canto I

Saudação ao General Gomes Freire de Andrade. Chegada de Catâneo. Desfile das tropas. Andrade explica as razões da guerra. A primeira entrada dos portugueses enquanto esperam reforço espanhol. O poeta apresenta já o campo de batalha coberto de destroços e de cadáveres, principalmente de indígenas, e, voltando no tempo, apresenta um desfile do exército luso-espanhol, comandado por Gomes Freire de Andrade.

Canto II

Partida do exército luso-castelhano. Soltura dos índios prisioneiros. É relatado o encontro entre os caciques Sepé e Cacambo e o comandante português, Gomes Freire de Andrade, à margem do rio Uruguai. O acordo é impossível porque os jesuítas portugueses se negam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre então o combate entre os índios e as tropas luso-espanholas. Os índios lutam valentemente, mas são vencidos pelas armas de fogo dos europeus. Sepé morre em combate. Cacambo comanda a retirada.

Canto III
O General acampa às margens de um rio. Do outro lado, Cacambo descansa e sonha com o espírito de Sepé. Este incita-o a incendiar o acampamento inimigo. Cacambo atravessa o rio e provoca o incêndio. Depois, regressa para a sede. Surge Lindóia. A mando de Balda, prendem Cacambo e o matam envenenado. Balda é o vilão da história, que deseja tornar seu filho Baldeta, cacique, em lugar de Cacambo. Observa-se aqui uma forte crítica aos jesuítas. Tanajura propicia visões a Lindóia: a índia "vê" o terremoto de Lisboa, a reconstituição da cidade pelo Marquês de Pombal e a expulsão dos jesuítas.

Canto IV
Maquinações de Balda. Pretende entregar Lindóia e o comando dos indígenas a Baldeta, seu filho. O episódio mais importante: a morte de Lindóia. Ela, para não se entregar a outro homem, deixa-se picar por uma serpente. Os padres e os índios fogem da sede, não sem antes atear fogo em tudo. O exército entra no templo. Com a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios se retiram após queimarem a aldeia.

Canto V
Descrição do Templo. Perseguição aos índios. Prisão de Balda. O poeta dá por encerrada a tarefa e despede-se. Expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas, colocando-os como responsáveis pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas. Eram opiniões que agradavam ao Marquês de Pombal, o todo-poderoso ministro de D. José I. Nesse mesmo canto ainda aparece a homenagem ao General Gomes Freire de Andrade que respeita e protege os índios sobreviventes.


Publicado por Paulo Christofoli